sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ironia, como amo a ironia! Que belezas ela esconde!
A ironia é um jeito mais direto de dizer meias palavras.
É uma gargalhada pra dentro. Dama sagaz em línguas permissivas.
Se te pareço sério, devias ver o que se fez da minha vida quando ainda muito jovem
Se triste, era pra você saber o que motiva a minha mágoa agora velha
Se sonambólico, é que o sono não dá conta da visão desses futuros
Se soturno, é que não posso ver para além da alegria dos que morrem

Exposto está o que há de verdadeiro no meu corpo que apodrece
Não há alma saudável que não se enferme nesse mundo já doente
Sorumbático, caminho sob a vontade do mundo
Não por culpa deles, mas pela minha, de ficar mudo.

Me apoderaria de coisas para além das coisas
Faria votos para além do mortos
Veria belezas que não ocultassem certezas
Cantaria canções que não, apenas, prantos

Seria o irmão dos desconhecidos,
O anônimo dos amados,
O amigo dos que se rejubilam
A sede de homens que, leves, cintilam.

Mas perdi todo o muito mais o que dizer.
Termino sorumbático, só porque tenho.
Mas não imaginem vocês que toda vida é desprazer...
Essa é uma tarefa só minha, algo pelo que me empenho.