sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dei ao teu corpo uma nova qualidade,
Fiz dele uma memória alva
e como se me escapassem as coisas
vivo nele como numa cidade.

Percorro em teu seio, um palavrório,
que de uma saliva imaginada
tornas a minha língua, quente e faminta,
nas tuas costelas, gesto mais simbólico.

De tua meninice percebi uma sina:
Não há nada em teu ventre que me permita enganar-me
Não há nada em teu sexo que impeça que eu minta.

Nunca em teus cabelos negros
haverá tanta profundidade
nem mesmo diante da desfaçatez
de um poeta que te cativa,
apenas porque dele, já se esvai a mocidade.
Dormi e acordei
assustei-me mas não cedi
ao sonho que me aconteceu
quando pensei e não dormi.

Comi mas não sentei
à mesa em que já senti
que fiz parte de alguém
algum lugar ou aqui.

Sofri mas não amei
porque já não quis sair
da treva em que depositei
o meu novo jeito de sorrir.

E como agora já não sei,
o que há de ser pra mim...
José! me ajude a dizer:
"Só sei que não vou por aí!"