quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Fênix Ressentida

Removendo a terra,
assentada sobre o meu caixão,
pude voltar a ver o mundo
que assassinou-me a paixão.

Que, como lâmina afiada,
incidiu profundamente em minh'alma.
Fez escorrer de meus olhos,
o sangue que me alimentava.
E apagou no espírito,
a chama que me amparava.

Definhei lentamente
enquanto perdia a visão.
E tudo na minha condição
era digno de repulsa.
Um homem sem perdão,
sem vontade, sem astúcia.
Escravo de condição
e mandarim por argúcia.

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Renasço hoje, nova vida,
uma nova roupa, nova figura.
Feita de pedra, estéril e fria
que vai vingar minhas amarguras.

Viver a vida conforme a teia
de ignóbeis teatralidades.
Viver a vida que aniquila,
em tudo e todos, a humanidade.

Queda

(Para Augusto dos Anjos)

Beijei o chão,
aos pés do morro.
virei de frente,
pedi socorro.
não veio ninguém,
pra ver a dor,
quando gritei.

Não foi por medo!
nem por preguiça.
não veio ninguém,
por egoísmo.
achar que a dor,
não fez sentido;
e que a minha queda,
foi construída,
ornamentada
na despedida,
de um melodrama
e não da vida.

Morri ali,
em meio ao lixo.
Prestando honras,
as tuas quimeras.
Que não se apiedam
do que está apartado,
mas ignoram
o que os espera.
(A solidão, esta pantera...)