terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Amor Outonal

Ainda hoje sinto
Diante de tua imagem
Um frisson
Que me impele
Aos passos infantis
Da criança que se descobre
Homem, amante e pobre.

Coitado daquele que
Em seus dias mais tenros
Não procurou os braços
De uma pequena dama.
Nos dias em que
As brincadeiras perdem a cor
E sente-se, pela primeira vez
Que já se ama.

Pois não importa o quão parca
E torpe seja hoje a vida.
Aqueles dias
Que há tempos já se foram
A memória há de sempre
Perpetuar.

Naquelas tardes outonais,
Excedido o verão da infância,
Na busca incessante
Pela crueza mundana,
Através do arrepio intimador
Que só se faz possível no amor.

É pena que a leveza ingênua
Que em tal época se faz plena
Se perca na dança trêmula
Da vida a se devassar.
O cotidiano acaba então
Por ultrapassar
Com sua lentidão rotineira
Àqueles momentos,
Sublimes toques, pequenos,
De gentilezas no olhar,
De sentimentos ternos,
Que podemos não mais ter,
Porém, impossíveis
De apagar.

E se é em sonho,
Que seja,
Mas a primeira
Que atraiu
O olhar
Sempre será
De onde
Trarei as forças
Para poder
Continuar
E quem sabe,
Um dia,
Sorrir novamente
E me enamorar.