Só dói tão agudamente porque é amor, se fosse simples dor o próprio corpo cessaria!
Só há contrato onde não pode haver contato. A lei vigia onde não quer ver poesia.
Liberdade essa palavra que à mente humana angustia, que não há ninguém que explique, porque é mera fantasia!
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Volta a Ouro Preto
Voltei hoje à minha cidade
Percebi hoje a distância
Que mutila a mocidade
E me faz negar que tive infância
Hoje vejo a procissão
Que volteia os becos e vielas
Passando em baixo das janelas
Onde as cruzes são os próprios ombros
Com os olhos esgotados
Vejo agora essa gente
Que eu já quis olhar de frente
Mas que agora são finados
Eu mesmo, com essa dor no peito
Provinciano, como me foi imposto
Devo hoje abandonar meu posto
E sepultar-me em Ouro Preto
Percebi hoje a distância
Que mutila a mocidade
E me faz negar que tive infância
Hoje vejo a procissão
Que volteia os becos e vielas
Passando em baixo das janelas
Onde as cruzes são os próprios ombros
Com os olhos esgotados
Vejo agora essa gente
Que eu já quis olhar de frente
Mas que agora são finados
Eu mesmo, com essa dor no peito
Provinciano, como me foi imposto
Devo hoje abandonar meu posto
E sepultar-me em Ouro Preto
No meio
“No meio, estão os homens que lambem as mãos dos que dão socos, e sugam o sangue dos que levam socos, eis aí o meio!”
Maksim Gorki - Mãe
Porque no meio sobrevive a contração.
Nesse berço onde cresce no futuro,
A segurança de ser medíocre.
Onde humanidade se torna contradição
Porque no meio situa-se a ordem.
Está o orgulho adquirido na miséria,
De não olhar a ferida que sangra,
E de esquecer da mão que flagela.
E é no meio que esquecemos de que ser homens,
Vai além de cultivar a vaga idéia,
De propagar o mundo das coisas pela terra,
E ensinar aos miseráveis, mortos de fome,
A lamber as botas de quem o atropela,
A invejar os males que consomem,
Os espíritos que fogem a perceber
Que sua alma desapareceu pela janela
Maksim Gorki - Mãe
Porque no meio sobrevive a contração.
Nesse berço onde cresce no futuro,
A segurança de ser medíocre.
Onde humanidade se torna contradição
Porque no meio situa-se a ordem.
Está o orgulho adquirido na miséria,
De não olhar a ferida que sangra,
E de esquecer da mão que flagela.
E é no meio que esquecemos de que ser homens,
Vai além de cultivar a vaga idéia,
De propagar o mundo das coisas pela terra,
E ensinar aos miseráveis, mortos de fome,
A lamber as botas de quem o atropela,
A invejar os males que consomem,
Os espíritos que fogem a perceber
Que sua alma desapareceu pela janela
sábado, 24 de abril de 2010
Voluptuosos são da terra os teus frutos
Nos quais nascem as vontades,
A avidez, a necessidade, a coragem,
De sugar-lhe os maduros seios,
Apanhar as flores que me dão tua imagem
Caçar-lhe pelos densos bosques
Alimentar-me da tua carne maculada,
num banquete de insaciável voracidade
Experimentar um prazer mais ardido
Como se houvesse nisso a verdade
que busca o homem já perdido,
nos vales e colinas da cidade.
Que de cimento e sangue construídos
Escondem em si a realidade
Do corpo silente, enrubescido
Nesse momento único de felicidade.
Nos quais nascem as vontades,
A avidez, a necessidade, a coragem,
De sugar-lhe os maduros seios,
Apanhar as flores que me dão tua imagem
Caçar-lhe pelos densos bosques
Alimentar-me da tua carne maculada,
num banquete de insaciável voracidade
Experimentar um prazer mais ardido
Como se houvesse nisso a verdade
que busca o homem já perdido,
nos vales e colinas da cidade.
Que de cimento e sangue construídos
Escondem em si a realidade
Do corpo silente, enrubescido
Nesse momento único de felicidade.
Versos verterão lágrimas
Enquanto vidas se desencontrarem
Na solidão das turvas águas
Nos dissabores das corredeiras de ontem.
Sedento e faminto em terras áridas
Segue o poeta cuja pena morreu
No berço em que nascido, desenganou
Às crianças de vontades pálidas.
E no amor, seio da face ávida
Há mais fastio, lívida peste
Essa que já não é a nordeste,
E vem com vida, mostrar-se praga
E não há seca tão solene
Quanto a daquela sorridente lança
Que corajosa, corta o peito,
cava a chaga, desmembra e mente.
Frente ao próprio espelho
Onde todo ódio é semente.
Enquanto vidas se desencontrarem
Na solidão das turvas águas
Nos dissabores das corredeiras de ontem.
Sedento e faminto em terras áridas
Segue o poeta cuja pena morreu
No berço em que nascido, desenganou
Às crianças de vontades pálidas.
E no amor, seio da face ávida
Há mais fastio, lívida peste
Essa que já não é a nordeste,
E vem com vida, mostrar-se praga
E não há seca tão solene
Quanto a daquela sorridente lança
Que corajosa, corta o peito,
cava a chaga, desmembra e mente.
Frente ao próprio espelho
Onde todo ódio é semente.
sábado, 10 de abril de 2010
Ponto e Vírgula
As vírgulas me seduzem;
os pontos são tristonhos.
As vírgulas me conduzem;
não há pontos onde há sonhos.
Temos vírgulas onde há luzes;
mas é negro todo ponto.
Pois as vírgulas são homens;
e no ponto já não somos.
os pontos são tristonhos.
As vírgulas me conduzem;
não há pontos onde há sonhos.
Temos vírgulas onde há luzes;
mas é negro todo ponto.
Pois as vírgulas são homens;
e no ponto já não somos.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Venhamos meus senhores
Empreguemos nosso nome em vão
Saibamos contar quantas luas são
Para calar nossos dissabores.
Cortemos em nossas camas
As noites frias, com o peso são
do não sonhar e não convalescer
com os antigos ardores
E a cada piscadela que se dará, então
Saberemos que agora, feitos de areia
os nossos olhos já se esqueceram
de lacrimejar ao olhar as flores
Pois já não há epicúreo jardim pra poder cultivar
nas remessas lascivas dos prazeres de hoje.
já podemos - é o que digo - agora nos deitar
sob o céu cinza onde um dia houveram cores.
05/04/10
Castor Azevedo
Empreguemos nosso nome em vão
Saibamos contar quantas luas são
Para calar nossos dissabores.
Cortemos em nossas camas
As noites frias, com o peso são
do não sonhar e não convalescer
com os antigos ardores
E a cada piscadela que se dará, então
Saberemos que agora, feitos de areia
os nossos olhos já se esqueceram
de lacrimejar ao olhar as flores
Pois já não há epicúreo jardim pra poder cultivar
nas remessas lascivas dos prazeres de hoje.
já podemos - é o que digo - agora nos deitar
sob o céu cinza onde um dia houveram cores.
05/04/10
Castor Azevedo
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