sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Valium

I

Senhor, faça me a gentileza:
Me dê na veia,
onde há sangue,
nesse corpo ávido,
um lenitivo
para a tormenta,
que se aprofunda
no espírito.

E caso não seja possível,
pode ser Valium,
pra matar de vez a sede,
me tornar estéril
e cavar em mim,
a sepultura,
pra enterrar o que sou.

II

Fui um indivíduo inventivo,
quis ser homem de convicções,
mas, foi mesmo no abismo,
que dei os passos altivos.

Compartilhei os nossos vícios
execrei as virtudes mais sublimes
não pensei nas atitudes
por trás de todos os meus crimes.

A poesia me impediu
de ter escrúpulos na vida.
pois tudo doía de forma vil,
quis matar minha essência.

Hoje, o valium, me resignou
sou um homem gentil
apascentei as minhas sendas
já não há porque seguí-las.