quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Past tense

Se ainda naquele momento houvesse coragem
Pronunciaria teu nome uma derradeira vez
Deixaria de lado as incertezas da viagem
E pensaria concretamente na nossa inequívoca nudez.

Mas não teci as verdades sob o firmamento
Que de passagem parou para ver que acertava
Quando da aposta na minha incapacidade
Mais que declarada na minha mudez.

Não quis ver pela noite, rua, cidade,
As nossas mãos perguntarem porquês.
Já tinha certeza que, daquela feita,
Estava concluído o trabalho.
E que não seria
um chão, um teto, paredes, retalhos...
que promoveriam aquilo que o amor não fez.

E com o céu, que agora já não pára,
Você seguiu, sem olhar pra trás.

Eu ainda estou naquele tempo que não passa
Olhando em volta, em busca de voz.
Porém, já não há casa para alguém que se separa
cuja alma fica no passado - uma navalha.

Se mesmo o sangue que agora corre quente
Não se arrepende dessa senda já tomada
é porque o corpo já não estava mais presente,
e nosso enterro independe da mortalha.
Já vão queimando esses pensamentos tortuosos
Já não existimos nesse campo de batalha.