quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Irracional

Surge, com o desaparecimento do magnífico sol de verão
A incontrolável vontade de fugir, sumir, desaparecer
Vontade de ver a existência pelo oculto olhar do não ser
Vontade de juntar o corpo em frangalhos e colocar-se no chão

E de dentro dele, observar o mundo a construir-se em vão
Sabendo inútil toda a variedade de idéias e pensamentos
Que em verdade nada são para o mundo, fuligem querendo ser cimento
Pois com o homem, animal, tudo é via de trazer ao corpo satisfação

E não me venham falar em filosofia,
Nela tampouco há razão
Razão que só se vê no corpo que morre
Verdade única, essencial
Que escapou às mãos do homem
E de toda e qualquer prestidigitação

Por isso, te digo, meu pequeno peito
Não se infle com esse amor que te ofertam
Pois o poeta já dizia:
“o beijo é a véspera do escarro”.