quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Estou farto! eu me calo.
pois sempre, quando falo,
tudo me parece enfado.
Agastado, Importunado,
Aborrecido, Irritado.
Sinonímias da condição,
constintuinte, de quem morre
morosamente, sem lenitivos.

Tomando o soma das aparências,
sofrendo todas as violências.
Com rebeldia, impraticada,
rastejamos pelas calçadas.

Dessa Sodoma, reinventada,
Dessa Gomorra, tecnológica.
Só sobrarão os covardes,
que, como eu, já não estão.

As memórias da desordem
as vivências da revolta
os desejos dos famintos
vão ser o obituário,
desse mundo, que se chama:
Prisão.
Construímos o presente
na opressão,
no descaso,
no frenesi.

Escrevemos nosso nome
com o sangue
que se coagula
na ferida,
que não cura.

Mas, daqui pra frente

Comeremos o ventre,
das madonas,
como abutres
religiosos.

Ganiremos ao luar
como lobos,
insaciáveis,
desvairados.

E então:

Destronaremos
as tradições
as maldições
que nos tornam
incapazes de ver
que só tem sentido
viver a luta
que vai de frente,
de braços dados,
pelas ruas.