sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Beatriz

Esta noite, como em raras noites, sonhei
Você me apareceu, tensa e amargurada
Cabelos que indicavam tormenta e tempestade
Vontades que ultrapassavam qualquer realidade

E eu, como sempre, estupidamente desajeitado
Lancei-me sobre você e pela primeira vez
Nossas almas se tocaram, corpos se enlaçaram
Quis de modo desesperado carregar seu fardo

O amor se deu de forma limpa
Suave e denso como um rio lento
Que a ácida chuva ainda não tocou,
Não teve a ousadia de provocar

Neste dia, foi imensamente difícil acordar
E lembrar-me das tuas mãos aneladas,
Da tua fronte limpa, infantil.
Que a dureza do meu corpo pensou um dia
Poder beijar.

E agora, que te encontras mais distante
Fico a lembrar-me da alegria dos cafés
Dos cigarros que fumei parar te esperar passar
De como o doce de tuas palavras
Retiravam o veneno das minhas

E vejo que tudo que fiz, não foi nada além
De, na fumaça que se esvai, te representar
Continuo a fazê-lo, consciente
Pois pra mim, se algo é impossível
É te esquecer, Beatriz, deixar de te amar.

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