segunda-feira, 14 de maio de 2012

Aedo

Somos poetas mortos. Sepultados num perfume de lótus, Derrotados pela morfina dos tempos. Sinais da derrocada, nossa sina. A lua nega sua face clara e fria, Abandona a poesia à sua sorte Não se importa com o imperfeito. Só quer alguém que aposte. O sol fechou seu branco pranto. Em nuvens esparsas, negro manto, Desdenha tudo, e, por agora, Se faz de cinza pra ficar mudo. Da terra? Nenhum fruto, Nem flor possui encanto. Seus odores, finados santos, Privados dos belos sonhos. A humanidade, diabo brando, Essa, sim! Vive sobre destroços. Das canções nunca entoadas, Pelos profetas dos escombros. Morre aqui um degenerado! Mais uma aedo em desgraça, Há de encontrar, um dia, ao lado, Um verso nulo, engatilhado.

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